sábado, 5 de julho de 2008

- Um café, se faz favor...


Fui hoje aos jardins da Fundação C. Gulbenkian, com a ideia de fotografar alguns dos panos de pintura expostos sobre a interculturalidade.
Hesitei se aproveitaria a redução de trabalho, que o dia de ontem trouxe, para iniciar também a redução da quantidade de café diário, sacrificando a bica do meio da manhã. Sobrepôs-se o desejo à razão. Em boa hora!...
Depois de pedir o café, na cafetaria do centro de Arte Moderna, enquanto pousava os papéis sobre o balcão de inox, a senhora que me atendeu, antes de se virar para a máquina cimbalina, perguntou-me, sem qualquer timidez, se eu não dava aulas de Educação Física. Mesmo que eu estivesse com o disfarce do fim-de-semana, com a barba por fazer e o penteado preguiçado, "topou-me a pinta".
Achega cá, achega lá - antes que o café arrefeça, que eu gosto dele bem quente - ficou feito o reconhecimento: tratava-se da Ana Lourenço, com 17 anos mais, a esconderem-lhe o rosto gaiato da menina de 16 anos, quando foi minha aluna.

Fiquei deliciado com a afabilidade e a satisfação manifesta da Ana ao ver-me; e, qual cereja no topo daquele bolinho de tempo, ofereceu-me o café.
Passaram por ela anos de vida (dez deles em Inglaterra), de trabalho, de valorização; e de alteração de estatuto social: é agora mamã babada de uma menina, feliz, concerteza, com uma mãe assim.
Mesmo antes de sair, um último momento para pegar em papel e esferográfica, e registar o e-mail da Ana.

Sem comentários: