domingo, 27 de junho de 2010

UN Secretary-General invites you to be a Citizen Ambassador

É um desafio engraçado, tornarmo-nos Embaixadores da Cidadania. Em todo o mundo.
Porque não tentar?... Por mim, disponho-me a fazê-lo e a ajudar quem o queira fazer também. Força!
Tantas vezes que nos interrogamos como podemos participar ativamente nas grandes questões do mundo. Esta talvez seja uma oportunidade interessante.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Saudação aos alunos finalistas da ESEQ em 2008/09

Queridos alunos,

Sei que alguns de vocês gostariam, muito sinceramente, que eu estivesse aí nesse jantar, convosco. Mas não posso.

O professor Acúrcio, meu mano, mesmo que filhos de pais diferentes, sabe as razões. Se vocês as soubessem também, sei que me compreenderiam. O meu mano, esse, já me perdoou a falta.

Esta ocasião é uma ocasião muito oportuna para citar o versículo bíblico de que tanto gosto, que tanto me diz:

- Fala, ancião, porque isso te compete; mas com discrição, não perturbes a música.

Tenho mantido, nos últimos tempos, uma troca epistolar muito interessante com um jovem aluno da nossa escola, que, eventualmente, estará presente nesse jantar. Ele é um rapaz magnífico, e as cartas que temos trocado têm sido para mim um prazer muito grande.

Mas, como lhe disse numa das últimas cartas que lhe mandei, houve tempos em que andei muito zangado com as palavras, odiei Fernando Pessoa e abominei tudo aquilo que ele escreveu.

A razão foi que, por causa das suas palavras (palavras arrumadas por quem tem jeito em mexer com elas), o meu grande ídolo daquela altura, o nadador português Rui Abreu se suicidou estupidamente, sozinho, numa banheira, no quarto da sua universidade, nos Estados Unidos, onde chegara com mérito e quando parecia que a vida lhe sorria e prometia um futuro de sonho. Ao lado da banheira, aberto, estava o livro com as terríveis palavras de Fernando Pessoa.

A solidão é mesmo uma coisa terrível! É da solidão que um grande amigo meu, um pouco mais velho do que eu, tem agora um medo cada vez maior.

Contudo, um dia destes, aconteceu-lhe uma coisa inesperada, que lhe trouxe apaziguamento e outra coragem para enfrentar os anos que antecipa à sua frente. Ele reencontrou um antigo aluno, que não via há cerca de 20 anos. E saudou-o tocando-lhe no ombro esquerdo com a sua mão direita, como sempre fazia com os seus alunos, olhando-os de frente.

O aluno, agora homem crescido, pousou a sua mão direita sobre a mão do seu antigo professor e, num suspiro que lhe veio do fundo da alma, disse para o meu amigo:

- Que bom, professor!... As saudades que eu tinha desse seu gesto!... Esse seu gesto é único, fez-me sempre tanto bem.

Quando o meu amigo me contou este episódio, eu falei-lhe dos gestos em que tocamos nos outros para nos excitarmos com esse toque; e nos gestos em que tocamos para, pelo contrário, podermos sentir nos outros a sua alegria de estarem connosco. E a nossa alegria de estarmos com eles.

As citações de autores e personagens célebres são coisas complicadas. São bonitas, podem ser profundas, mas podem também ter o encanto das serpentes tentadoras. Há frases lindíssimas escritas por homens tenebrosos!

Muito recentemente, recebi da minha colega Ermelinda uma daquelas citações que agora, recorrentemente, aparecem nas nossas caixas de correio da Internet. Só que, desta vez, vinha magnificamente ilustrada por uma aguarela lindíssima que ela própria pintou.

A citação é de Charles Chaplin. Diz assim:

"Cada pessoa que passa na nossa vida, passa sozinha,
porque cada pessoa é única e nenhuma outra a substitui.
Cada pessoa que passa na nossa vida, passa sozinha,
e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova
de que as pessoas não se encontram por acaso."

Queridos alunos, queridos colegas,

Permitam-me a fantasia de vos fazer uma proposta:

- Mano Acúrcio, orienta aí o pessoal!...

Passem o vosso braço por detrás de quem tiverem à vossa direita e poisem a vossa mão sobre o seu ombro. Deixem-se estar assim um bocadinho, sintam esse bocadinho e guardem-no na vossa memória. Procurem tomar consciência da alegria que neste momento vos percorre. Só da alegria mesmo! Porque a tristeza e a saudade também estarão hoje aí no meio de vocês. Seguramente. Por isso, repito, dêem primazia à alegria e tentem tomar consciência da alegria e do prazer que é estarem assim juntos.

(…)

Vamos ver quem se lembrará deste gesto daqui a 20 anos.

Desejo a todos um bom jantar, desejo a todos uma festa linda!

Como dizem os Trovante, num poema dedicado a uma pessoa muito especial, que tive a felicidade de conhecer e de quem fui grande amigo,

Há quem espere por nós assim
mesmo ao meio da rota do fim
há quem tenha os braços abertos
para nos aquecer
e acenar no fim.

Queridos alunos finalistas, na Escola Secundária Eça de Queirós haverá sempre alguém de braços abertos à vossa espera, para vos receber com alegria e companheirismo.

Numa dádiva que me esforçarei sempre por merecer, recebi do nosso querido aluno João Soares Matos, já nesta semana, uma mensagem no meu blogue que diz assim, entre outras coisas belas e deliciosas: Com esforço e dedicação, todas as estrelas estão à distância de um abraço. (…) Sinto-me privilegiado por frequentar a Eça de Queirós, que brilha sob o céu azul todos os dias.”

Queridos alunos,

- Felicidades nas vossas vidas, vão dando notícias!

- Até sempre, queridos alunos!

- Até um dia destes na Escola, queridos colegas e amigos!

sábado, 13 de dezembro de 2008

O Carlos Paulo e a defesa do ambiente

Hoje fui a Mora. Tratava-se de fazer uma caminhada que terminaria no fluviário. Só que o mau tempo deu-nos as voltas. Começámos pelo fluviário, à espera que o tempo melhorasse. Só que não melhorou. E o passeio ficou por ali, sem caminhada.
Na ida, sentei-me nos bancos do meio do autocarro, fui pondo em dia a conversa com um dos companheiros do Quilimanjaro.
Só já dentro do fluviário, quando fazia bicha para ver as pequeninas lontras, é que reconheci (ao mesmo tempo que ele me reconheceu) um antigo aluno, o Carlos Paulo. Sim, era ele, do tempo da Psicologia 140 no 10.º ano, colega de turma do Rui Baptista.
Pois o Carlos Paulo deu-me a grande alegria de saber que está na GNR, com responsabilidades na defesa do ambiente - tão importante nos dias de hoje! -, e que gosta muito do que faz. É, esse prazer era nítido na maneira como falava. Reparei que trazia uma aliança no tradicional dedo anelar da mão esquerda. Mas essa curiosidade ficou por satisfazer. Talvez no próximo dia 18, na Eça de Queirós, a não ser que o reencontro com o Rui deixe isso para mais tarde. Não importa, não há pressa.
Bem-vindo, Carlos, a esta "turma"!...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

12 errros que mudaram Portugal

Meu querido João, meu querido Rui,
Ai!... Deixem-me, pelo menos por esta vez, brincar com as (vossas) palavras!...
Como disse ontem na sessão - muito agradável! - de lançamento do vosso livro, achei muita piada que me tivessem escrito um e-mail sobre 12 "errros"... Não sei se mais alguém achou ou acha piada a este (eventual) erro (intencional, brincalhão), mas - Olhem... - eu achei piada quando recebi o e-mail e, no momento em que escrevo este e-mail, continuo a achar piada. Tenho direito a essa liberdade pessoal, mesmo que indicadora de duvidosa qualidade estética ou de vigor de inteligência...
Os vossos textos não são ensaios históricos que pressupõem critérios de exigência científica rigorosos e condicionadores. Os vossos textos, parece-me que são filhos do vosso muito pessoal prazer de pensar e do prazer de brincar com as palavras. Que é o que eu recordo muito claramente das aulas que comigo tiveram há alguns anos na Eça de Queirós.
Como se dizia antes desse tempo, durante esse tempo, e depois desse tempo, "a brincar a brincar, é que o macaco..." vocês sabem o resto, não preciso de acrescentar.
Pois é, a brincar a brincar é que vocês nos proporcionam um trabalho sério, que desperta a curiosidade sobre temas da Cultura (e da Identidade) Portuguesa; se oferece como um estímulo para a actividade cognitiva que desenvolve e expande a inteligência; é um prazer para audição interna, que ressoa quase quinestesicamente, na mente e no corpo de cada um de nós, a musicalidade das palavras; e, finalmente (por agora...) oferece-se para cavaqueiras abertas que consolidam a sociabilidade saudável.
No universo das actividades em que vocês se movem (a escrita e a "versão pessoal" de acontecimentos históricos) os erros (estou agora a falar do que possam ser os erros factuais nos vossos textos) não são graves. Repito, o vosso trabalho não é uma tese, ou um conjunto de teses, devidamente demonstrada(s). Eu posso estar em minha casa, sentadinho comodamente à frente do computador, com a minha bebida preferida para essa circunstância, bem ali à mão de semear, e despedaçar, num jogo de palavras, o Planete, ou mesmo o Universo. E depois do Universo completamente estilhaçado, vou jantar, ver televisão, ou aconchegar a roupa da cama aos rebentos que tenho lá em casa e para quem desejo um mundo melhor do que este que existe agora.
Os erros, neste caso, valem por aquilo que deles se fizer. E, no vosso caso, os erros, quaisquer que eles sejam, pela maneira como estão escritos, são sobretudo energia que alimenta a inteligência pessoal e promove a discussão - prazerosa, agradável - com os outros. E toda a gente sabe o que é que nasce da discussão.
Nos grupos etários a que vocês já pertenceram, e que são os que se continuam a juntar na escola que já frequentaram e onde eu ainda me mantenham,tudo o que disse antes é amplificado e redobra de importância. 
Não há professor que não queira ter alunos que tenham prazer em ler, curiosidade em saber e vontade de discutir.
Os alunos da Eça precisam de conhecer o vosso livro... apresentado e lido pelos próprios autores. Num destes dias, um aluno da escola, que teve TIC comigo há dois anos atrás, o Nuno Cardoso, veio a correr ao meu encontro, quando eu entrava na Escola e convidou-me a ir visitar o Clube de Leitura. Fazer o quê?, perguntei-lhe. Nada, respondeu ele, só ler connosco.
Caro João, caro Rui, o tanto que pode estar neste nada!...
Posso combinar com eles aparecer lá um dia convosco para todos lermos o vosso livro? Faço já um aviso: tenho uma costela igual a Sebastião da Gama, sou também capaz de sentir inveja da leitura agradável feita por um aluno e por isso lhe roubar o livro da mão e pôr-me eu a ler.
Como é, vale esta proposta?...
Só mais uma coisa, como disse ontem já a desoras, no e-mail apressado que mandei para o João, foi um prazer e um orgulho muito grande estar convosco ontem, no que terá sido uma das maiores homenagens do dia ao Patrono da Escola. Como tenho repetido muitas vezes nos últimos tempos, uma árvore conhece-se pelos seus frutos.
Um grande abraço de parabéns também ao Ricardo Cabral. Que fez um trabalho que é vale nas imagens tudo o que antes disse para as palavras. Magníficas! E que gostaria de ver convosco no Clube de Leitura da Escola. 
Num próximo apontamento neste blogue, que quero escrever ainda hoje, quero apresentar-vos; e também o vosso blogue. Será que me podem mandar as vossas fotografias, tipo passe? Dos três, claro!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mais Um!

Pois é. Quando o 12.º ano começou soube logo que o ano lectivo vai passar muito rápido e que vou ter saudades da E.S. Eça de Queirós, mesmo que a vida me leve a outras salas de aulas. É verdade, tenho saudades da Eça; tenho saudades dos colegas ou melhor do meu colega, pois no ultimo ano foi só um. Tenho saudades daquelas aulas, logo às 8:20, nas quais às vezes os professores faltavam :) , ou daqueles intervalos de 5 minutos durante os quais podíamos relaxar e esquecer por um instante a matéria.
Tenho saudades das aulas de apoio de Matematica.

Não quero ofender ninguém, mas os melhores amigos que um aluno pode ter são os professores. Sempre que procurei ajuda, a encontrei na E.S.E.Q.
E.S.E.Q para mim foi uma experiência que me preparou para toda a vida.
Agora estando noutras salas de aulas, digo-vos a vocês, alunos da E.S.E.Q, aproveitam todas as aulas e intervalos como se fossem os últimos na escola, pois o tempo voa e não volta atrás.

Um abraço a todos !

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Até Setembro!...

Vou aproveitar o abrandamento no ritmo e na intensidade de trabalho na escola (Cheira a férias!...) para me dedicar, praticamente em exclusividade, à minha valorização profissional e académica.
Assim, tirando uma ou outra vez, muito excepcional, se ocasiões para isso houver - e que não comprometam muito tempo, vosso e meu -, só aqui voltarei no início de Setembro, e desse regresso darei conta através de e-mail.
Se até lá, até Setembro, aqui escrever alguma coisa, também por e-mail anunciarei a publicação.Entretanto, em qualquer altura poderei ser contactado pelo e-mail habitual.
Inté!...

sábado, 5 de julho de 2008

- Um café, se faz favor...


Fui hoje aos jardins da Fundação C. Gulbenkian, com a ideia de fotografar alguns dos panos de pintura expostos sobre a interculturalidade.
Hesitei se aproveitaria a redução de trabalho, que o dia de ontem trouxe, para iniciar também a redução da quantidade de café diário, sacrificando a bica do meio da manhã. Sobrepôs-se o desejo à razão. Em boa hora!...
Depois de pedir o café, na cafetaria do centro de Arte Moderna, enquanto pousava os papéis sobre o balcão de inox, a senhora que me atendeu, antes de se virar para a máquina cimbalina, perguntou-me, sem qualquer timidez, se eu não dava aulas de Educação Física. Mesmo que eu estivesse com o disfarce do fim-de-semana, com a barba por fazer e o penteado preguiçado, "topou-me a pinta".
Achega cá, achega lá - antes que o café arrefeça, que eu gosto dele bem quente - ficou feito o reconhecimento: tratava-se da Ana Lourenço, com 17 anos mais, a esconderem-lhe o rosto gaiato da menina de 16 anos, quando foi minha aluna.

Fiquei deliciado com a afabilidade e a satisfação manifesta da Ana ao ver-me; e, qual cereja no topo daquele bolinho de tempo, ofereceu-me o café.
Passaram por ela anos de vida (dez deles em Inglaterra), de trabalho, de valorização; e de alteração de estatuto social: é agora mamã babada de uma menina, feliz, concerteza, com uma mãe assim.
Mesmo antes de sair, um último momento para pegar em papel e esferográfica, e registar o e-mail da Ana.