sábado, 13 de dezembro de 2008

O Carlos Paulo e a defesa do ambiente

Hoje fui a Mora. Tratava-se de fazer uma caminhada que terminaria no fluviário. Só que o mau tempo deu-nos as voltas. Começámos pelo fluviário, à espera que o tempo melhorasse. Só que não melhorou. E o passeio ficou por ali, sem caminhada.
Na ida, sentei-me nos bancos do meio do autocarro, fui pondo em dia a conversa com um dos companheiros do Quilimanjaro.
Só já dentro do fluviário, quando fazia bicha para ver as pequeninas lontras, é que reconheci (ao mesmo tempo que ele me reconheceu) um antigo aluno, o Carlos Paulo. Sim, era ele, do tempo da Psicologia 140 no 10.º ano, colega de turma do Rui Baptista.
Pois o Carlos Paulo deu-me a grande alegria de saber que está na GNR, com responsabilidades na defesa do ambiente - tão importante nos dias de hoje! -, e que gosta muito do que faz. É, esse prazer era nítido na maneira como falava. Reparei que trazia uma aliança no tradicional dedo anelar da mão esquerda. Mas essa curiosidade ficou por satisfazer. Talvez no próximo dia 18, na Eça de Queirós, a não ser que o reencontro com o Rui deixe isso para mais tarde. Não importa, não há pressa.
Bem-vindo, Carlos, a esta "turma"!...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

12 errros que mudaram Portugal

Meu querido João, meu querido Rui,
Ai!... Deixem-me, pelo menos por esta vez, brincar com as (vossas) palavras!...
Como disse ontem na sessão - muito agradável! - de lançamento do vosso livro, achei muita piada que me tivessem escrito um e-mail sobre 12 "errros"... Não sei se mais alguém achou ou acha piada a este (eventual) erro (intencional, brincalhão), mas - Olhem... - eu achei piada quando recebi o e-mail e, no momento em que escrevo este e-mail, continuo a achar piada. Tenho direito a essa liberdade pessoal, mesmo que indicadora de duvidosa qualidade estética ou de vigor de inteligência...
Os vossos textos não são ensaios históricos que pressupõem critérios de exigência científica rigorosos e condicionadores. Os vossos textos, parece-me que são filhos do vosso muito pessoal prazer de pensar e do prazer de brincar com as palavras. Que é o que eu recordo muito claramente das aulas que comigo tiveram há alguns anos na Eça de Queirós.
Como se dizia antes desse tempo, durante esse tempo, e depois desse tempo, "a brincar a brincar, é que o macaco..." vocês sabem o resto, não preciso de acrescentar.
Pois é, a brincar a brincar é que vocês nos proporcionam um trabalho sério, que desperta a curiosidade sobre temas da Cultura (e da Identidade) Portuguesa; se oferece como um estímulo para a actividade cognitiva que desenvolve e expande a inteligência; é um prazer para audição interna, que ressoa quase quinestesicamente, na mente e no corpo de cada um de nós, a musicalidade das palavras; e, finalmente (por agora...) oferece-se para cavaqueiras abertas que consolidam a sociabilidade saudável.
No universo das actividades em que vocês se movem (a escrita e a "versão pessoal" de acontecimentos históricos) os erros (estou agora a falar do que possam ser os erros factuais nos vossos textos) não são graves. Repito, o vosso trabalho não é uma tese, ou um conjunto de teses, devidamente demonstrada(s). Eu posso estar em minha casa, sentadinho comodamente à frente do computador, com a minha bebida preferida para essa circunstância, bem ali à mão de semear, e despedaçar, num jogo de palavras, o Planete, ou mesmo o Universo. E depois do Universo completamente estilhaçado, vou jantar, ver televisão, ou aconchegar a roupa da cama aos rebentos que tenho lá em casa e para quem desejo um mundo melhor do que este que existe agora.
Os erros, neste caso, valem por aquilo que deles se fizer. E, no vosso caso, os erros, quaisquer que eles sejam, pela maneira como estão escritos, são sobretudo energia que alimenta a inteligência pessoal e promove a discussão - prazerosa, agradável - com os outros. E toda a gente sabe o que é que nasce da discussão.
Nos grupos etários a que vocês já pertenceram, e que são os que se continuam a juntar na escola que já frequentaram e onde eu ainda me mantenham,tudo o que disse antes é amplificado e redobra de importância. 
Não há professor que não queira ter alunos que tenham prazer em ler, curiosidade em saber e vontade de discutir.
Os alunos da Eça precisam de conhecer o vosso livro... apresentado e lido pelos próprios autores. Num destes dias, um aluno da escola, que teve TIC comigo há dois anos atrás, o Nuno Cardoso, veio a correr ao meu encontro, quando eu entrava na Escola e convidou-me a ir visitar o Clube de Leitura. Fazer o quê?, perguntei-lhe. Nada, respondeu ele, só ler connosco.
Caro João, caro Rui, o tanto que pode estar neste nada!...
Posso combinar com eles aparecer lá um dia convosco para todos lermos o vosso livro? Faço já um aviso: tenho uma costela igual a Sebastião da Gama, sou também capaz de sentir inveja da leitura agradável feita por um aluno e por isso lhe roubar o livro da mão e pôr-me eu a ler.
Como é, vale esta proposta?...
Só mais uma coisa, como disse ontem já a desoras, no e-mail apressado que mandei para o João, foi um prazer e um orgulho muito grande estar convosco ontem, no que terá sido uma das maiores homenagens do dia ao Patrono da Escola. Como tenho repetido muitas vezes nos últimos tempos, uma árvore conhece-se pelos seus frutos.
Um grande abraço de parabéns também ao Ricardo Cabral. Que fez um trabalho que é vale nas imagens tudo o que antes disse para as palavras. Magníficas! E que gostaria de ver convosco no Clube de Leitura da Escola. 
Num próximo apontamento neste blogue, que quero escrever ainda hoje, quero apresentar-vos; e também o vosso blogue. Será que me podem mandar as vossas fotografias, tipo passe? Dos três, claro!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mais Um!

Pois é. Quando o 12.º ano começou soube logo que o ano lectivo vai passar muito rápido e que vou ter saudades da E.S. Eça de Queirós, mesmo que a vida me leve a outras salas de aulas. É verdade, tenho saudades da Eça; tenho saudades dos colegas ou melhor do meu colega, pois no ultimo ano foi só um. Tenho saudades daquelas aulas, logo às 8:20, nas quais às vezes os professores faltavam :) , ou daqueles intervalos de 5 minutos durante os quais podíamos relaxar e esquecer por um instante a matéria.
Tenho saudades das aulas de apoio de Matematica.

Não quero ofender ninguém, mas os melhores amigos que um aluno pode ter são os professores. Sempre que procurei ajuda, a encontrei na E.S.E.Q.
E.S.E.Q para mim foi uma experiência que me preparou para toda a vida.
Agora estando noutras salas de aulas, digo-vos a vocês, alunos da E.S.E.Q, aproveitam todas as aulas e intervalos como se fossem os últimos na escola, pois o tempo voa e não volta atrás.

Um abraço a todos !

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Até Setembro!...

Vou aproveitar o abrandamento no ritmo e na intensidade de trabalho na escola (Cheira a férias!...) para me dedicar, praticamente em exclusividade, à minha valorização profissional e académica.
Assim, tirando uma ou outra vez, muito excepcional, se ocasiões para isso houver - e que não comprometam muito tempo, vosso e meu -, só aqui voltarei no início de Setembro, e desse regresso darei conta através de e-mail.
Se até lá, até Setembro, aqui escrever alguma coisa, também por e-mail anunciarei a publicação.Entretanto, em qualquer altura poderei ser contactado pelo e-mail habitual.
Inté!...

sábado, 5 de julho de 2008

- Um café, se faz favor...


Fui hoje aos jardins da Fundação C. Gulbenkian, com a ideia de fotografar alguns dos panos de pintura expostos sobre a interculturalidade.
Hesitei se aproveitaria a redução de trabalho, que o dia de ontem trouxe, para iniciar também a redução da quantidade de café diário, sacrificando a bica do meio da manhã. Sobrepôs-se o desejo à razão. Em boa hora!...
Depois de pedir o café, na cafetaria do centro de Arte Moderna, enquanto pousava os papéis sobre o balcão de inox, a senhora que me atendeu, antes de se virar para a máquina cimbalina, perguntou-me, sem qualquer timidez, se eu não dava aulas de Educação Física. Mesmo que eu estivesse com o disfarce do fim-de-semana, com a barba por fazer e o penteado preguiçado, "topou-me a pinta".
Achega cá, achega lá - antes que o café arrefeça, que eu gosto dele bem quente - ficou feito o reconhecimento: tratava-se da Ana Lourenço, com 17 anos mais, a esconderem-lhe o rosto gaiato da menina de 16 anos, quando foi minha aluna.

Fiquei deliciado com a afabilidade e a satisfação manifesta da Ana ao ver-me; e, qual cereja no topo daquele bolinho de tempo, ofereceu-me o café.
Passaram por ela anos de vida (dez deles em Inglaterra), de trabalho, de valorização; e de alteração de estatuto social: é agora mamã babada de uma menina, feliz, concerteza, com uma mãe assim.
Mesmo antes de sair, um último momento para pegar em papel e esferográfica, e registar o e-mail da Ana.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Uma das primeiras educadoras sociais, a Mitó

A Mitó andou na Eça há alguns anos, tendo concluído o curso técnico-profissional de Educadora Social.
Sempre gostou de cantar, e de participar em actividades de animação da Escola.
Agora, exerce clínica de acupunctura. Como o Nuno Lemos.
Mas vejam por onde ela também anda...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Um beijinho muito especial para a Vandita Jivá!...

Num dos últimos dias de aula, um daqueles “cruzar no pátio” praticamente acidentais pôs-me a assistir à apresentação de um trabalho de um grupo de ex-alunas, que me consolou com o vídeo que apresentaram, e também com a mostra comentada de roupas e vestidos das mulheres indianas e o indispensável powerpoint explicativo.

Aqui deixo o vídeo… e beijinhos para elas todas, especialmente para a Vandita, que, logo no dia a seguir, foi tristemente atingida por uma da maiores perdas que qualquer ser humano pode ter. Espero que ela tenha tido tempo de contar à sua mãe como foi a apresentação do trabalho e como correu tudo tão bem!…

terça-feira, 18 de março de 2008

- G'anda Nuno!...

O Nuno foi um aluno especial, agora é um amigo especial. Foi por ele que cheguei à publicação do presente blogue.

O blogue dele está na lista aqui ao lado. É o que fala de acupunctura. No fundo, é expressão do seu próprio desenvolvimento pessoal. Aprecio muito o entusiasmo com que o vejo empenhar-se em alguns projectos de divulgação do seu trabalho.

Sim senhor… Gosto deste gajo!

- Protesto!...

Este apontamento / artigo não tem directamente a ver com os temas e os objectivos deste blogue. Mas a gravidade das afirmações feitas pelo senhor Emídio Rangel justifica que procure dar o máximo de publicidade possível à resposta pessoal que enviei para o jornal Correio da Manhã, solidariamente com muitas outras enviadas por muitos colegas de profissão.

Escrevi o seguinte:

Senhores,
Concordo com o senhor Emídio Rangel, no artigo que recentemente publicou no vosso jornal sobre a Manifestação de Professores, intitulado “Hooligans” em Lisboa, numa coisa, que passo a citar: “Felizmente ainda há milhares de professores (talvez a maioria) que exercem com dignidade a sua profissão”.
É evidente que a Manifestação dos Professores, do passado dia 8, a dimensão que teve, por todos atestada e por ninguém negada, mexeu com a tranquilidade do senhor Emídio Rangel e levou-o a manifestar-se publicamente de forma tão ofensiva e tão infeliz.
Abstenho-me de comentar o fel que expele brutalmente contra, entre outros, o Partido Comunista (a que nunca qualquer compromisso formal ou informal me prendeu). Talvez o gabinete de um psiquiatra ou de um psicólogo o ajude a entender tanto aparente ódio e a vencer qualquer eventual trauma.
Quando puder ver os factos sem que a inteligência seja obnubilada pela irrupção brutal das emoções, verá o que todos puderam ver: que a maioria de professores de que fala esteve educada e ordeiramente presente na Manifestação. Os números, a sua crueza e objectividade, falam por si.
Eu fui um dos professores que esteve na Manifestação. Deixo aos meus colegas de profissão, aos meus alunos e aos encarregados de educação de quase vinte anos de aulas, o veredicto de fazer ou não parte do grupo de professores dignos de que Emídio Rangel fala.
Quanto ao Correio da Manhã e aos seus directores, penso que a dignidade e a honestidade jornalística permite (exige?…) também a expressão pública - no próprio jornal - de opiniões diversas e opostas à do senhor Rangel.

O M., de vez em quando, passa por mim…

O M. sempre apareceu ontem à noite. Quis-me contar outra história fabulosa, incrível, intensa, como justificação do seu desaparecimento precisamente há três semanas atrás. Mas não foi difícil que espontaneamente confessasse que estava alcoolizado quando os meus vizinhos se opuseram a que ele continuasse ali, às escuras, na escada de segurança, à minha espera.

Ficou admirado que eu lhe dissesse que já sabia por onde é que ele andava, que já o tinha localizado. Quando me perguntou porque é que eu não tinha ido procurá-lo respondi-lhe que, se ele tivesse 12 ou 15 anos, certamente o teria feito. Mas, com o dobro dessa idade, e com o que conhecia dele, sabia que ele um dia haveria de voltar. E que se sentiria muito melhor assim comigo, estar comigo por me procurar e não por ser por mim encontrado. Disse-lhe que eu estava tranquilo, que ainda agora sinto que não tinha feito fosse o que fosse para que ele se aborrecesse comigo e se fosse embora por isso. Perguntou-me se eu tinha ficado preocupado. Respondi-lhe que sim, enquanto ele não foi localizado. Afinal, eu gostava dele. Não sabia se ele estava morto, doente ou preso. Assim que disseram que o tinham visto, deixei de me preocupar. Estava vivo, a viver uma decisão dele. Claro que continuo a desejar que as coisas lhe corram bem e continuo disponível para o ajudar.

A mesma solidariedade de grupo que me ajudou a localizá-lo tinha também ajudado a, em menos de 24 horas depois de ter lançado o e-mail entre os Traquinas, no próprio dia em que ele desapareceu de minha casa, trazer-lhe três hipóteses de emprego!

Perguntou-me se tinha falado com a polícia. Sim, eu cheguei a pensar nisso, mas depois de falar com o J.F., que ele conhece, deixei passar mais algum tempo antes de o fazer. Entretanto, apareceu o primeiro telefonema a dizer-me que o tinham visto em Santa Apolónia.

Ele conhece bem os meandros por onde anda agora. Está à espera de perfazer três meses como “sem abrigo” para ter direito ao jantar!… Assim que chegou ao abrigo onde está agora, quiseram pagar-lhe o bilhete de comboio para S., ele disse que era de lá.

Pegou nas coisas dele, que encontrou no seu quarto, exactamente da mesma maneira como as tinha deixado ao fim das menos de 24 horas que se instalara em minha casa para começar, mais do que uma etapa de vida, uma vida nova. Afinal, sempre ali continuaram na esperança que ele mexesse nelas.

Juntei alguma comida aos seus pertences e fui pô-lo ao abrigo social onde agora se recolhe. Despediu-se a dizer que me vai telefonar dia sim, dia não.

Uma pequena justificação

Este blogue resulta da migração do blogue http://escrevernuma.folhaa4.com/, em que acabei por me deparar com dificuldades que impediam a publicação ligeira de artigos e vídeos.